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Mostrando postagens de julho, 2009

39) Por amor

Decidi permanecer em Celes até que encontrassem uma cura para meu corpo e estava aguardando a chegada de Liah, a quem enviara um recado pouco antes solicitando que viesse aqui. Não tinha sentido prorrogar o comunicado e ele levaria o recado para Tana, que transmitiria a Maise. Estava tentando ocupar-me para não pensar no que ela sentiria e também para sobreviver à minha própria tristeza. Procurava animar-me pensando no futuro que teríamos. Aqueles poucos anos não significariam nada quando voltássemos a ficar juntos e dessa vez para sempre. Azael, meu irmão por afinidade veio visitar-me e conversamos longamente, colocando as notícias em dia. Falei sobre Maise e ele contava como conhecera Sarah, sua companheira de vida, quando Liah chegou. - Hei, Liah. Que bom que veio rápido. Obrigado. - Alô Adriel. Fiquei curioso com seu chamado. - Conhece meu irmão Azael? Azael, Liah é o anjo encarregado do principado em que residimos lá na Terra e também meu amigo. – Cumprimentaram-se amistosamente e

38) Veneno de escorpião

(narrador) Eileen vinha pela praia em direção à cabana e não acreditou em sua sorte ao ver Maise ali sentada e sozinha. “Está com saudades, benzinho? Não se preocupe. Já vai parar de chorar. Para sempre!” – Pensou, desejando poder gargalhar de alegria com este presente inesperado. Olhou para todos os cantos certificando-se de que Tana não estava por perto e pensou no que fazer. Tinha imaginado em usar até mesmo força bruta para dominar ambas e agora não seria mais necessário, o que era muito melhor. Se fizesse tudo direito ainda teria uma chance de que jamais descobrissem sua autoria e poderia continuar com os planos originais. Não precisaria usar força e poderia usar um feitiço de veneno. O “Veneno do Escorpião” era limpo e sutil. Ninguém jamais cogitaria que um encantado do bem soubesse utilizar esta arte. O problema é que era lento e demoraria 24 horas para que morresse, ainda que ficasse paralisada cerca de uma hora após. Na praia, mesmo que a cobrisse com um encantamento de oculta

37) Tristeza

Devo ter sonhado com Adriel esta noite, porque acordei sensível e irritada. Tana não estava e o silêncio da cabana soava como uma campainha disparada em minha cabeça. Não quis sair da cama, não iria encarar este mundo solitário enquanto pudesse. Ao invés disto, peguei o último caderno de meu pai. Se Tana conhecia minha mãe, porque não dissera desde o início? Tinha algo errado nesta estória e queria esclarecer o quanto antes. O último caderno tinha apenas algumas poucas páginas preenchidas e li rapidamente. Papai estava escrevendo de madrugada, enquanto Luna dormia. Ela chegara ao início da noite, usando roupas escuras e parecendo assustada. Disse que sua mãe e os guardas pensavam que estava em seu quarto, que ninguém percebera a fuga e que Eileen ficara em seu lugar para dar-lhes tempo para fugir. De manhã cedo e até quando conseguisse, fingiria ser Luna, atrasando a descoberta da fuga o máximo possível. Entre beijos famintos decidiram aguardar o amanhecer para irem embora. Naquela épo

36) Encruzilhada

“Esqueça a Terra!“ – Estava com aquela frase girando sem parar em minha cabeça desde que foi dita por Kalel. – “Como se fosse possível!” – Pensei recordando o rosto de Maise em vários momentos e expressões. Após o choque de meu despertar em Celes pedi para falar com Hayel, o conselheiro chefe do projeto e também meu orientador pessoal. Foi ele quem ofereceu este trabalho na Terra e esperava dele não apenas explicações como soluções. - Adriel! Desculpe não ter vindo antes. Estava em meio a uma explosão em outro projeto e também quis aguardar pelos resultados dos exames. - Olá, Hayel. Quer dizer que já saíram? Sabem o que exatamente ocorre comigo? - É lógico que ainda estão aprofundando os testes, mas o resultado preliminar está pronto. - E??? - Bem, estão de acordo com as suspeitas iniciais. Tanto tempo impregnado com as energias da Terra acabaram por intoxicar e viciar seu corpo fluídico. Você não deveria ter permanecido tanto tempo sem retornar. Pedi-lhe tantas vezes para vir com fre

35) A princesa dos povos encantados

(narrador) No dia seguinte, logo que a guarda de gnomos assumiu o posto na vigilia de Maise, Tana encaminhou-se para Etera. Chegando ao palácio, foi direto para os aposentos particulares da Rainha que, após os cumprimentos iniciais, dispensou todos que estavam no ambiente e perguntou: - Tana, aconteceu algo para que esteja aqui tão cedo? - Minha Rainha, ontem à noite Maise confirmou o que já imaginávamos: ela é mesmo filha de Luna. - Eu sabia Tana, meu coração não poderia estar tão enganado. Filha de minha filha. Minha neta! - Sim, Majestade. Seu coração estava certo também em não perder as esperanças, ainda que não tenha sido sua filha a retornar. - Pobre Luna. - Ela foi feliz com o homem que amava e teve uma filha adorável. Vossa Majestade poderá fazer por Maise o que não fez por Luna. - É o que desejo: que seja feliz aqui em Etera, o lugar ao qual pertence por direito. Ela deve saber que tem uma família e de toda sua estória. O reino está quase pronto para recebê-la, ainda que ning

34) Saudades

Acordei com a entrada ruidosa de Tana. Adriel não estava. Era a primeira vez após dias que acordava sem ele ao lado e sua ausência soava como um estrondo abafado à espera de irromper. Pensei no menino da fábula, que por horas tentara tampar com os dedos os furos que se abriam no dique para que este não se rompesse e senti-me como ele. Sabia que estava sendo irracional. Faziam apenas algumas horas que ele partira e estaria de volta em poucos dias, mas meu coração e corpo pareciam não entender isto por conta de algum erro de processamento entre minha mente e eles. - O que foi, menina? Saudades já? – Tana perguntou ao ver que continuava deitada com os olhos fechados. - É. Estou com saudades sim e com medo de que não volte. Ah, Tana, estou com tanto medo! – Comecei a chorar ao reconhecer o sentimento por trás da boca seca e da bola no estômago. - Boba! Veja o que ele deixou para você. – Ela mostrou o anjo de origami e o bilhete. – Ele te ama e estará aqui antes que imagine. Eu sei. Já foi

33) Celes

Era melhor um ponto mais aberto para a desmaterialização e fui para a praia, onde o sol já estava por nascer. Observei-o por alguns momentos e depois me desmaterializei, ou ao menos, tentei. Era um pouco demorado e a parte da adaptação posterior um pouco incômoda, mas o processo em si era simples e mesmo tendo já um ano que não o realizava, não havia como esquecer. Concentrei-me e tentei novamente. Nada! Continuava tão sólido como antes. O que ocorria? Sentei em minha pedra e tentei desmaterializar uma das mãos. Tive sucesso e ela desapareceu, apenas para reaparecer segundos após. Tentei novamente com maior concentração e o mesmo ocorreu. Tentei com um pé, perna, com todos os membros, com o corpo inteiro, mas nada. As energias pareciam atraídas para meu corpo e tão logo as dispersava, retornavam. Ao máximo consegui manter uma parte por um período um pouquinho maior, mas o nível de concentração tinha que ser muito maior e não conseguiria sustentar por muito tempo, quanto mais com todo o

32) Perdendo o controle

Maise, que estava lendo sentada na cadeira, levantou-se quando entrei. Fiquei olhando, meio abestalhado e com dificuldades para respirar. Ela usava uma camisola indecente, não por ser transparente ou muito pequena, o que não era, mas por deixá-la sensual e provocante de uma forma que não deveria ser permitido. Estava calculando que levaria apenas cinco passos e um gesto da mão para arrancar aquele paninho de seu corpo, quando ela deu um passo em minha direção e agora eram apenas quatro passos e mais um até a cama, mas este não contava porque não creio que conseguiria dar esse passo adicional e a devoraria inteira ali mesmo, no chão ou na cadeira. Devia estar em meu rosto esta fome de lobo porque ela parou naquele passo e ficou olhando-me insegura. - “Você não é um animal, Adriel. Controle-se!” – O pensamento inseriu-se em minha mente por entre os pensamentos selvagens e conseguiu sobressair o suficiente para que ouvisse. Fechei os olhos e respirei pausadamente por alguns segundos antes

31) Sedução

- Querida, acorde. – Ele estava tentando acordar-me com beijinhos no rosto. - Quero dormir, Anjo. - Estava escuro ainda. - O sol já vai nascer. Venha comigo à praia. – E continuava com os beijos, apertando-me a seu corpo. Ainda meio sonolenta, agarrei-me a ele buscando um beijo. - Vamos dorminhoca. – Ele desviou do beijo e deu-me um tapinha nos ombros. Levantei mal humorada. Não levei o material de pintura. Estava com muito sono para pintar. Sentei ao lado de Adriel e ficamos vendo o dia clarear. O sol nasceu esplendoroso e logo estava inteiro no horizonte completamente azul e sem nuvens. Hoje seria um dia bonito e quente. Voltamos para a cabana e Tana já estava lá, preparando nosso café da manhã. - Tana! – Exclamei abraçando-a. Estava com saudades dela. - Oi, minha menina. Se não parar de me agarrar, o leite vai transbordar. – Era a mesma, ralhando como sempre. Sorri, largando-a e indo sentar com Adriel na mesa. – Quero saber se o menino cuidou bem de você. - Cuidou sim, Tana. Muito

30) Retorno a Portal do Sol

Ela trancou a casa e saímos devagar, despedindo-nos destes dias em que permitimo-nos esquecer um pouco as preocupações. Antes do anoitecer estaríamos em Portal, na segunda-feira ajudaria Maise na arrumação dos novos móveis e à noite ou mais tardar no amanhecer de terça, voaria para Celes. Seguimos uma parte do caminho em silêncio, apenas ouvindo os novos cds que comprei com as dicas dela. - Anjo. – Adorava quando me chamava assim. - Sim. - Explique agora aquilo que disse sobre François. Sobre saber que ele adora-me. - Lembra-se da luz que vê em mim? - Sim. É branca com reflexos prateados. - Chama-se Aura. Todos os seres vivos a possuem. São cores emanadas de nossos corpos e refletem os sentimentos e até mesmo a essência de cada um. A maioria dos humanos não consegue ver a aura dos outros. Não sei como você consegue ver a minha. Eu posso ver a aura de qualquer um. - Até a minha? Como é? - A sua é feita de cores vívidas e alegres. Não seria possível ter esta aura se tivesse qualquer mal

29) Dias perfeitos

Ficamos mais dois dias em São Pedro e foram poucos para o tanto a fazer, mas queríamos voltar logo para Portal do Sol. Sentíamos falta de nossas casas, do ar puro, do mar, do silêncio e, sobretudo da paz que tínhamos lá. Além disto, eu tinha esquecido os diários de papai. Estava ansiosa para saber o final da estória deles, desvendar o mistério de mamãe e quem sabe, o meu também. Adriel queria ir a Celes, motivado pela esperança de encontrar alguma saída para nós. Eu não estava com tanta pressa disto, porque iríamos nos separar e mesmo que fosse por poucos dias, não conseguia livrar-me da sensação incômoda de que aquela viagem nos reservava algo ruim e não bom como ele esperava. Não fossem estes motivos e gostaria de ter parado o tempo e fixado-o naqueles dias perfeitos. Embora não houvessemos mais nos beijado, sentíamo-nos muito próximos, saboreando o prazer de apenas estarmos um com o outro. Na sexta-feira fomos a uma reunião com meu advogado. Além de seus encargos de sempre, ele acei

28) Eu te amo para sempre

- Ei pequena. O que houve? – Sentindo-me apertada a seu peito o alivio foi tão grande que ao invés de parar de chorar, chorei mais ainda. Ele pegou-me nos braços e levou-me no colo para dentro de casa. Colocou-me sentada na mesa da cozinha enquanto fazia uma água com açúcar, esperou que bebesse e depois levou-me ao sofá da sala onde deitei apoiada ao seu peito. - Está melhor? - Hum hum. – Respondi lutando com as lágrimas e o bolo na garganta. Ele estava fazendo carinho em meus cabelos e fui acalmando aos poucos, até conseguir falar algo inteligível. - Foi horrível, Anjo. Lá, na casa deles. Quando viram que tinha ido sem você, começaram um interrogatório sem fim a seu respeito e falaram um monte de coisas. Só porque estava usando sandálias e não sapatos, disseram que não podia ser sério, que só queria meu dinheiro, que estava abusando de minha ingenuidade e mais um monte de coisas deste tipo. Que deveria ser um aproveitador, um gigolô de praia. Insinuaram até que estava fazendo algum

27) Cratera

Não fui ao jantar na casa de François. Disse a Maise que aproveitaria enquanto ela estava com seus amigos para voar em busca de um lugar onde me energizar. Ela ameaçou não ir também e tive que usar toda minha persuasão para convencê-la de que não estava com ciúmes, que tudo bem ela ir sozinha, que não iria embora e, finalmente, que estaria em casa quando voltasse. Ela não pareceu totalmente convencida, mas acabou aceitando. Levei-a até a casa deles e depois dirigi para os limites da cidade até encontrar um lugar sossegado onde deixei o carro e voei o mais rápido que consegui. Não mentira para Maise. Estava mesmo precisando energizar-me urgente e mais do que isto, necessitava respirar ar de verdade. – “Como os seres humanos conseguem viver respirando este ar grosso de sujeira?” – Pensei enquanto subia. Pairei acima da camada cinzenta de poluição que cobria a cidade e respirei com vontade. Após alguns minutos disto e comecei a sentir-me algo melhor. Ainda precisava absorver energias. Pen

26) São Pedro

Chegamos a São Pedro no início da noite. Minha casa ficava em um bairro residencial e fiquei contente ao entrar nela novamente. É lógico que a geladeira estava vazia forçando-nos a sair para comer algo. Estávamos cansados demais para um jantar demorado e fomos a uma lanchonete. Adorei comer sanduíches com coca-cola ao seu lado. Na volta tomamos um banho rápido e preparamo-nos para dormir. Usar o quarto de meus pais parecia errado e embora minha cama de solteiro fosse grande, era pequena para nós dois. Adriel quis dormir no sofá, mas é lógico que não deixei. Ficamos em um impasse e acabei concordando em usar a cama grande. Cansada como estava adormeci em poucos minutos. Logo cedo no outro dia fomos à faculdade. Como estávamos em férias poucos alunos estavam na secretaria e foi rápido. Tive apenas que preencher alguns documentos para transferir meu curso normal para o à distância. Peguei a senha para acessar o curso pela internet, algumas apostilas e a agenda com os poucos comparecimento