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25) Viagem

Acordei com as vozes de Adriel e Tana discutindo lá fora. Ela viu-nos dormindo juntos e tirou conclusões erradas. Adriel explicou, mas Tana não o deixou escapar sem um sermão e ameaças sobre o que lhe aconteceria caso me “desrespeitasse”. Ri escondida ao ver aquele homão ouvindo quieto enquanto Tana vociferava com o dedo em riste apontado para seu rosto. Fingi estar dormindo e “acordei” quando ela chamou. Tomei banho, café, preparei a mala e fiquei papeando com Tana enquanto aguardava Adriel voltar de sua casa. Ele demorou e a manhã já estava no fim quando chegou. Almoçamos rapidamente e saímos. O dia estava agradável e avançamos rapidamente enquanto conversávamos. Descobrimos gostos parecidos em quase tudo que se referia à arte, música, cinema e literatura. Embora ele conhecesse mais obras clássicas e eu contemporâneas, concordávamos que o essencial era a qualidade. Ainda assim combinamos de conhecer um as obras que o outro gostava mais. Após uma parada para abastecer, cobrei sua prom

24) Tentações de Adriel

Levei Maise para casa um pouco após. Tínhamos que dormir cedo para a viagem amanhã, mas ficamos conversando e quando vimos era tarde já. Ia embora já, ao menos ia fingir ir. Desde aquela noite da festa de Antônio e especialmente após a quase queda da árvore acostumei-me a passar as noites na cabana, vendo-a dormir. Não era realmente necessário e nem ela sabia, apenas quando tentava ficar em casa sentia-me agitado, nervoso e ansioso. Só acalmava-me ao vir aqui. Naturalmente estava envergonhado com a fraqueza de minha força de vontade. Minhas melhores intenções desabavam quando o assunto era Maise. Parecia que todos os séculos de autodisciplina e rigor não existiram ou simplesmente desapareceram e ainda não entendia completamente como isto poderia ser. - Adriel, fique comigo esta noite. – Pediu ela olhando-me cândida e inocentemente. - Fizemos um trato, lembra-se? Concordei com a viagem e a mudança provisória desde que as coisas entre nós permanecessem como estavam até meu retorno de Cel

23) Beijo

- Depois, Maise, prometo. Talvez amanhã. Hoje já te fiz chorar e ainda nem jantamos. - É verdade. Estou com fome. Voltemos ao jantar então. Tana fez uma paella simplesmente divina. Ainda bem que está no aquecedor. Você pode contar sobre teu trabalho durante a viagem. - Que viagem??? - Para São Pedro, onde eu morava. Preciso trancar a matrícula da faculdade, tomar providências com o apartamento, visitar o marchand de meu pai, ah... Tantas coisas! Você vai comigo, não é? Não quero dirigir até lá e preciso ir de carro para trazer tudo que quero. Podemos sair de manhã bem cedo, logo após a praia. Acho que em dois dias resolvemos tudo. - Maise!!! Você não ouviu nada do que falei? - Lógico que ouvi. Você disse que não sabe quanto tempo ficará aqui na Terra e que indo embora vai deixar de ser “você” e passar a ser parte “deles”. - Só contei isto para que entendesse porque seu plano de ficar aqui em Portal não era viável. - Pois seu raciocínio está tortíssimo e agora sim é que não saio daqui

22) A verdade sobre Adriel

- Maise! – Ela não estava à vista, mas assim que chamei apareceu na porta da varanda. - Humm... Você está lindo com estas calças jeans e camiseta preta. Sabe que é minha roupa predileta? – Perguntou despudoradamente como sempre, enquanto pegava meu braço e levava-me em direção à mesa. Sentamos. - Você também está linda hoje. Mais do que linda, deslumbrante. – Sentia cheiro de Tana neste jantar. O que estava acontecendo aqui? - Querida, o que estamos comemorando? - Decidi ficar em Portal do Sol. Não vou mais voltar a morar na cidade. Quero ficar com você e Tana, no lugar onde meus pais se conheceram. Quero ficar aqui. É meu lugar. Não acha que merece uma comemoração? - Você só está aqui há algumas semanas. Não é pouco tempo para uma decisão tão importante? - Não tenho nada na cidade mais importante do que o que tenho aqui. - E a faculdade? Fará falta para você em sua pintura e talvez futuramente em sua carreira. - Não. Meus professores não se incomodarão de continuar orientando por emai

21) Jantar Romântico

Tirei os sapatos assim que estacionei o carro. Ao sair desatei a gravata, abri o colarinho da gravata e estava já tirando o blaizer ao entrar em casa, desesperado para me ver livre daquelas roupas sociais e para ver Maise. Procurei encurtar minha ausência para não ficar muito tempo longe, mas mesmo estas poucas horas foram demais. Estava desabotoando os botões da camisa quando a vi. Ela estava colocando flores na mesa de jantar, usando um vestido azul curto e sandálias altas que destacavam pernas e quadris e quando me ouviu, virou-se. Parei atordoado, sem conseguir respirar direito. Estava linda! O vestido acompanhou seus movimentos, ondulando ao redor de seu corpo como uma carícia e desejei ser aquele pano, mesmo que jamais conseguisse a tocar de forma tão leve. Seu rosto estava diferente, com os olhos maiores e mais azuis. A boca estava levemente rosada e como que molhada e precisei de alguns segundos para controlar o impulso de beijá-la e sentir com meus próprios lábios a maciez que

20) Desejo

Uma semana passou vertiginosamente sem que eu percebesse. Os dias corriam rápido demais desde aquele dia em que acordei na casa de Adriel e que ele declarou-se, desajeitado e confuso. Levou-me para conhecer sua casa. A decoração era composta por móveis contemporâneos mesclados com uma ou outra peça mineira antiga. Pouco vidro e plástico, sem linhas retas, muitas curvas, criando um ambiente aconchegante e acolhedor. Fiquei surpresa por encontrar alguns móveis clássicos do design mobiliário brasileiro, como a Mole de Sérgio Rodrigues e alguns exemplares dos Irmãos Campana, os gurus dos materiais inusitados. Como estudante de arte não apenas conhecia como acompanhava com devoção esta forma de arte. Comentei que dos móveis deles que admiro só faltou mesmo a poltrona de ursinhos de pelúcia que era minha paixão. Ele riu e disse que não combinava muito com sua reputação. Tive que concordar aos risos. Não bastassem os móveis, a casa era repleta de arte, em sua maior parte contemporânea ou mode

19) A Rainha dos Povos Encantados

(narrador) Saindo da casa de Adriel, Tana seguiu para as árvores na lateral da casa e após poucos minutos chegou ao portal que dava entrada à Etera, o reino dos povos encantados. Atravessou-o rapidamente, saindo na estrada principal. Passou pela Vila dos Gnomos, com pequenas casas entremeadas nas árvores e pela minúscula Cidade das Fadas construída em flores e plantas, chegando ao Lago das Ondinas. Nem esperou pelo barco-cisne e voou até o centro, uma pequena ilhota onde estava o Castelo de Etera. Eileen estava na sala do trono ao lado do Príncipe Elros e vários membros da Corte dos Encantados e viu a fada Tana entrar apressada, pedir uma audiência privada à Fada-Rainha Selena e quando esta aquiesceu, retirarem-se para a câmara particular. Ficou alheia ao burburinho que se instalou, com várias conjecturas do motivo da conversa. Ela bem podia imaginar qual o assunto. “Anjo intrometido e fada fofoqueira!” – Murmurou entredentes, mas não tão baixo. Elros, seu noivo elfo e o principal cons

18) Declaração

Cheguei à cozinha quando Tana já estava com a mão na maçaneta da porta de saída. - Aonde vai? - Ai, menino! Já não disse para não me assustar deste jeito, andando assim silenciosamente? - Não mude de assunto, Tana. O que sabe sobre o medalhão e onde está indo apressada deste jeito? - Não sei de nada sobre ele. Só achei bonito. E estou indo... – Parou por um segundo procurando uma desculpa satisfatória, mas a conhecia bem demais para me deixar enganar. Ela não sabia mentir direito. - Não sairá daqui enquanto não me contar tudo. - Postei-me em frente a porta. - Adriel, menino, sabe que não faria nada ruim, não é? Não quero te contar porque ainda não tenho certeza. É isto que estou indo verificar. Deixe-me ir e na volta contarei tudo. - Contar o quê? - Acho que aquele medalhão pode ser o que a Rainha aguarda há mais de 20 anos. Preciso contar a ela. E também sobre a tentativa de assassinato da menina. Ouvi quando te falou. Parece ser um dos nossos. Cabelos brancos e orelhas pontudas são c